segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Lugar de mãe



Hoje resolvi fazer "nada" e fechei os olhos para a bagunça das crianças. Passei pela sala e fingi que não vi a Laura derramando suco no sofá. Tropecei na boneca da Julia, mas mantive a pose e saí andando, naturalmente, como se nada tivesse acontecido. Quase, eu disse "quase",  tenho um ataque de histeria, quando entrei no banheiro e vi a pasta de dente espalhada pelo chão, mas saí imediatamente e continuei respirando, calmamente.
Fui até a cozinha beber água e os copos estavam todos sujos dentro da pia. Mas beleza!!! Bebi na xícara de café mesmo e fui para o meu quarto tentar ler um livro, foi quando percebi que estava lendo a mesma frase repedidas vezes, porque a briga da Julia e do Henrique disputando o controle da TV era maior que a minha concentração, mas decidi não interromper a cena de todo "santo dia".
Então achei melhor tomar um banho para refrescar e continuar "relaxando", afinal eu tinha decidido fazer nada, ficar de bobeira, totalmente "zen". E foi o que fiz, acho que foi o banho mais demorado de toda a minha vida de mãe. Minha vontade era ficar ali, longe e alheia à bagunça do outro lado da porta.
Mas saí, devagar, atrás de algum barulho e só encontrei um silêncio que até perturbava.
Procurei nos quartos, na cozinha, no quintal e nada. Só restava procurar na sala.
E lá estavam eles, os três sentadinhos, cada um com uma tigela imensa de sorvete, assistindo a um filme proibido para menores. Percebi que eles estavam confiantes, como se já fossem responsáveis, afinal já sabiam se servir sozinhos e escolher um filme sem se importar com a censura. Troquei de canal é claro! E a minha sorte é que passava um desenho que eles já tinham visto inúmeras vezes e não se importavam em ver outra vez.
Fiquei por um tempo observando aquele cenário, eles sentados, arrumadinhos, no meio de uma sala de cabeça para baixo. 
Andei pelos cômodos e tentei calcular o tempo que levou para a casa ficar tão desarrumada, foi num piscar de olhos, ou melhor, num "fechar de olhos", pois como eu disse, decidi fazer "nada". Era uma casa sem mãe, sem o zêlo, sem o toque especial que faz a gente se sentir em casa, na casa que um dia só as lembranças visitarão.
Quando me dei conta eu já estava colocando tudo no lugar, inclusive a mim, no lugar que me pertence, dentro do papel o qual exerço com muito amor e dedicação, no meu lugar de mãe.








domingo, 15 de setembro de 2013

As linhas de Deus


Enchi minha lixeira de rascunhos e as  palavras estão lá, perdidas nas folhas amassadas. Felizmente, nenhum pensamento se deitou nas linhas tortas, nem sequer uma frase que pudesse transcrever meus sentimentos entorpecidos. É tempo de estiagem, não há colheita. Apenas meu coração escreve no tempo desejos tímidos que se perdem dentro de mim e não encontram nenhuma maneira de se manifestar. Nessas horas só o bom senso me livra das palavras soltas, que confundem e não dizem nada. Enquanto isso só mesmo o meu bom Deus me ensina a esperar a próxima folha em branco, aquela que Ele próprio irá escrever nas linhas da minha vida, a minha promessa. Eu creio. 


                               Akemi de Queiroz Sakaguchi



sábado, 16 de março de 2013

Velha amiga


Nem mesmo agora que, de fato, sozinha estou, sua presença me incomoda. Pois aprendi com os dias difíceis, a acostumar-me com sua inevitável companhia.

Foi você quem mostrou-me, que não basta ter alguém do lado para dispensá-la. Imponente, hoje entendo porque você sempre esteve presente.

Você me ensinou a atribular aos dias coisas sem sentido, para eu  não sentir falta do essencial. Tomou-me nos braços e acalentou meu choro oprimido. Deixando-me, assim, dependente do seu necessário mal.

Companheira, mostrou-me como uma noite pode ser longa. E, muitas vezes brincalhona, me fez pensar que foi embora, para logo voltar, sem demora.

Velha amiga, com o tempo vamos indo. Mas apenas eu envelheço e me canso. Você, sempre será altiva e cheia de amigos. Mas reconheço sua dedicação. Sua essência é solidária. Afinal, você é solidão.


(Akemi de Queiroz Sakaguchi)



terça-feira, 15 de janeiro de 2013

De malas prontas



Que noite longa.
Me fez adormecer e sonhar.
O mesmo sonho bom, que me fez perder a hora.

Mas dessa vez acordei a tempo.


Pois espero o dia amanhecer.
Estou de mudança.
E preciso arrumar as coisas 
espalhadas pelo chão.
Não vou levar tudo.
Certas coisas nem são minhas.
Achei que fossem.
Mas tudo bem!
Devem ser de alguém.
Quero só o que é meu.
A certeza é uma delas.
A dúvida não quero mais.

Que dia lindo!!!
Me convida a viver.
Irresistível e dispensa sonhos.


Dessa vez estou bem acordada.

Pois espero a vida acontecer.
Estou pronta.
E preciso guardar minhas coisas no lugar.
Peguei tudo.
As coisas certas.
O necessário para recomeçar.
Apenas o que é meu.
E Deus é uma delas,
A escuridão não existe mais.


(Akemi de Queiroz Sakaguchi)






quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um sonho real


Eu caminhei por um bom tempo 
e não reconheci o lugar.
Procurei algo familiar, mas era tudo estranho.
Era a primeira vez que eu estava ali.
As pessoas passavam por mim e sorriam.
Pareciam felizes, 
desprendidas de qualquer problema.
Estavam leves e livres da dor e da tristeza.
Eram a expressão da paz.
Uma paz que irradiava luzes de quietude.
E essas luzes me tocavam e me envolviam 
num abraço acolhedor.
Então, comecei a me sentir melhor.
Em mim, nada mais era dúvida e confusão.
Eu estava plena da certeza.
E meu coração, sempre apressado, 
agora estava batendo baixinho.
Dessa vez não era um sonho.
Eu podia sentir o perfume das flores.
Eu podia ver o vento brincar 
nas folhas das árvores.
Eu podia escutar o canto das aves.
Eu podia fechar os olhos e ainda sentir 
toda aquela harmonia.
Eu sentia a vida festejar.
A minha vida estava dando pulos de alegria.
Eu estava no lugar onde sempre quis estar:
Dentro da minha própria consciência.
E ela não estava pesada, 
frustrada ou coisa assim.
Ela estava limpa, arrumada, 
talvez um pouco ansiosa.
Mas, estava pronta para o que der e vier.
E o melhor de tudo, eu estava bem acordada.

(Akemi de Queiroz sakaguchi)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Família


Vai fazer 3 anos que voltei para o Brasil. 
E já não penso em ir embora daqui.
Sinto falta da vida prática e organizada 
que eu tinha no Japão,
mas a solidão que eu sentia lá, 
por estar distante da minha família,
não quero voltar a sentir novamente, 
nem por um segundo.
Cresci numa família grande, 
onde todos são "chegados".
E isso é um barato!
A gente pode passar o tempo que for 
longe um do outro,
mas quando se reúne é só alegria.
Nos amamos e isso basta para que sejamos, todos, importantes e necessários.
Essa cumplicidade familiar 
já ensino para os meus filhos.
Quero que além de amigos 
eles tenham também família,
mas uma família indispensável,
dessas que não se limitam 
à festas de fim de ano e
e álbuns de fotografia. 
Uma família que você pode encontrar 
a qualquer momento,
nem que seja nas redes sociais.
O importante é o contato,
a troca deliberada e espontânea,
que nos faz sentir mais próximos e, 
sem dúvida, nos traz a certeza 
de que somos uma verdadeira família.
Uma grande família, 
no sentido literal e figurado.
Essa amplitude de significados 
só entende quem valoriza cada momento, 
cada encontro, cada conversa 
e guarda com zelo no coração.
Estou longe de todos,
 não tão longe como antes.
Mas, talvez, mais perto que muitas 
famílias que vivem na mesma cidade
 e nem ao menos se esbarram.
Tenho orgulho de fazer parte da história 
de cada um de vocês.

Deus nos abençoe, sempre!!!
E nos permita desfrutar dessa 
presença maravilhosa
que somos um na vida do outro.


Akemi de Queiroz Sakaguchi


domingo, 6 de janeiro de 2013

Minha receita é Deus


Ontem eu tive um dia bem diferente.
Consegui ficar quietinha,
sem me incomodar com a bagunça das crianças.
Não vou dizer que foi fácil 
ver minha casa de "pernas pro ar",
mas também não fiquei desesperada, 
querendo por tudo em ordem.
Decidi que seria assim: só hoje! 
Amanhã eu arrumo tudo.
De vez em quanto é bom 
sair do comando das coisas.
Mesmo que ninguém assuma o seu lugar
e tudo fique sem controle, 
esperando por você.
Pelo menos você sabe que pode 
tomar a direção a hora que quiser.
Então, como fiquei desocupada,
tive tempo pra pensar num monte de coisas.
Acho que ontem eu fiz a minha
 retrospectiva de 2012,
cinco dias depois que o ano velho se foi.
Fatalmente, os acontecimentos 
se acomodam no tempo
e vão tomando o seu lugar no passado.
Deixam de apertar o peito.
Perdem até o sentido, 
quando lembramos que já foram tão intensos.
Apesar de serem importantes marcantes ficaram para trás.

 E devem ficar lá atrás.

Já é difícil dar conta dos dias que chegam,
pior seria tentar viver 
os que já não voltam mais.
É por isso, que abuso das lembranças.
Estas, podem surgir a qualquer momento
e posso sentí-las com o meu coração,
até que elas se percam novamente no tempo,
dando lugar a novidade do dia.
Isso é o que chamo de viver 
cada coisa no seu tempo.
Já quis mudar meus dias, idealizá-los, 
mas deixar que eles cheguem
conforme a vontade de Deus é bem mais sábio.
Ouvi muita gente dizer que esse ano 
vai ser bem melhor,
o mesmo que disseram  nos anos anteriores
e o que vão tornar a repetir 
no final desse ano.
É até legal, essa capacidade humana 
de se renovar a cada ano.
De acreditar que tudo pode melhorar.
Só acho uma pena que isso aconteça 
somente no começo e no final do ano
e durante o ano todo 
o que mais fazemos é reclamar.
Tantas receitas de como viver melhor:
viva intensamente, aproveite o dia, 
"carpe diem", não tenha pressa, 
devagar se vai ao longe...
sempre as mesmas receitas, 
incontáveis e contraditórias.
Mas sabemos que a única receita 
que nos dará uma vida de luz 
é Deus e, somente Ele nos dará equilíbrio 
para desfrutarmos de tudo o que é bom.
Somente Ele sabe, 
o momento em que seremos agraciados 
com a sua eterna bondade.
Somente Ele sabe, 
quando seremos merecedores 
e dignos de honrar o seu santo nome.
E por acreditar nisso,
não só em 2013, mas em toda a minha vida,
meus planos serão os que 
Deus reservou para mim.
A cada dia quero estar mais perto 
do verdadeiro amor:
O amor que salva e nos livra 
de todas as dores do mundo.
É simplesmente o que desejo: 
Deus na minha vida.
Para este ano e todos os outros 
que Ele me conceder.
Amém!!!


Akemi de Queiroz Sakaguchi

sábado, 5 de janeiro de 2013

Sonho e Amor




Sonho,

a gente só se dá conta dele depois que acorda, depois que ele acabou...
E fica aquela vontade na gente de sonhar mais um pouquinho.

Existem pessoas que são um SONHO.
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira.
Mas o destino vem e nos acorda violentamente...
E nos leva aquele sonho tão bom...

Existem pessoas que são ESTRELAS.
Doces luzes que enfeitam e iluminam as noites escuras de nossas vidas.
Mas vem o amanhecer e nos rouba com toda a sua claridade aquela estrela tão linda.

Existem pessoas que são FLORES
Belezas discretas que alegram o nosso caminho.
Mas com o tempo, as flores murcham,
e nos enchem de saudade de sua cor e de seu perfume.

Existem, finalmente,
as pessoas que são simplesmente AMOR.

Um amor doce como o mel de uma FLOR...
que desabrochou numa ESTRELA
e que veio até nós num lindo SONHO!

E ainda bem que são AMOR,
porque FLORES, ESTRELAS ou SONHOS,
mais cedo ou mais tarde, terminam...
mas o amor...

O AMOR não termina nunca...
(Candy Saad)

domingo, 8 de abril de 2012

Amor pra recomeçar

Eu te desejo não parar tão cedo,
pois toda idade tem prazer e medo.
E com os que erram feio e bastante,
que você consiga ser tolerante.
Quando você ficar triste,
que seja por um dia e não o ano inteiro.
E que você descubra que rir é bom,
mas que rir de tudo é desespero.
Desejo que você tenha a quem amar.
E quando estiver bem cansado
ainda exista amor pra recomeçar,
pra recomeçar
Eu te desejo muitos amigos,
mas que em um você possa confiar.
E que tenha até inimigos
pra você não deixar de duvidar.
Quando você ficar triste,
que seja por um dia e não o ano inteiro.
E que você descubra que rir é bom,
mas que rir de tudo é desespero.
Desejo que você tenha a quem amar...
Desejo que você ganhe dinheiro,
pois é preciso viver também.
E que você diga a ele pelo menos uma vez
quem é mesmo o dono de quem.
Desejo que você tenha a quem amar...

Barão Vermelho
(Frejat)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Fique a vontade

Que bom ver você por aqui, 
revirando meus pensamentos e,
buscando a minha essência
 em cada palavra que escrevo.

Espero que encontre o que deseja.
Que, realmente, consiga decifrar o que sou.
É que as vezes estou subentendida, 
nem todos precisam saber de mim.
Mas você consegue me achar nas entrelinhas.

Hoje, eu sei que consegue.

Portanto, fique a vontade.
O tempo que quiser.
Fique enquanto escrevo essa história.
Você já sabe o enredo e só preciso que me ajude com o desfecho.
Não quero chegar sozinha no final.

É difícil começar de novo.
Que eu saiba, você também já andou por aí,
 procurando um livro em branco.
E agora que achou um,
sabe a última frase que vai escrever:

A mais clichê que já existiu
 em todos os contos de fadas.
Porém, a mais sonhada e desejada.

Não preciso explicar nada, não é mesmo!
Você já entendeu porque está aqui.

A porta estava entreaberta.
Foi sem querer, achei que tinha fechado,
mas já que entrou.
Não vá embora.
Apenas, fique.

Fique a vontade.


(Akemi de Queiroz Sakaguchi)