quinta-feira, 4 de agosto de 2011

É só o começo...


Encontrei no caminho, três crianças, elas moram com a mãe e o pai, perto de onde trabalho.
Há dias que eu passava e olhava para dentro da casa.
O barulhinho delas me atraiu.
Até que as vi: peladinhas, descabeladas e barrigudinhas.
Gostei delas no primeiro olhar.
São carentes de roupas,  alimentação, brinquedos, educação, talvez até de carinho.
A mãe me deixou entrar, até conversamos, moça jovem, outra criança!
Uma boa menina, mas sem experiência, sem orientação, sem escolhas.
Já estou envolvida, pensei neles antes de dormir.
Encontrei algumas soluções para ajudar: para começar, um pouco de instrução.
Posso doar minha boa vontade, posso dispor do meu tempo e ensiná-la o que aprendi sendo mãe de três filhos.
Ela quer aprender, quer mudar, senti isso.
Ficaram felizes quando eu cheguei, fiquei uns 20 minutos, mas o suficiente para observar o que faltava naquele lugar.
Quando me despedi, acenaram com as maozinhas até eu sumir na esquina.
Foi difícil parar de dar tchau.
Não é sempre que eles tem visitas que trazem balinhas.
Acho que eles gostaram de mim também. 
Os olhinhos, apesar de tristes, me disseram com um brilho apagado que o dia foi legal.
Foi um pouco de sentido numa manhã tão igual. Uma infância tão vazia.
Senti falta das gargalhadas, das molecagens que criança faz quando está saudável e feliz.
A mesma alegria que vejo em meus filhos.
A mesma que poderia existir naquelas crianças.
Queria o melhor para eles.
É o meu sonho, ou parte dele.
É o começo de um novo projeto.
É assim que tudo começa, com o primeiro ato.
Levei giz de cera e livros com desenhos para colorir.
Reconheci o esboço de sorrisos tímidos, um ensaio, logo depois vieram os sorrisos de verdade.
Fiquei feliz naquele momento.
Um tipo de felicidade que só sentimos quando uma criança está feliz.
Mas, essa felicidade mexe comigo.
Deixa-me frustrada, impotente, apressada.
Queria ter o poder de mudar os cenários,
tão simples como pintar um quadro:
com as mais lindas paisagens,
com crianças felizes em seu lares,
com o sol a brilhar para todos.
Preciso ter paciência, já está acontecendo.
Estou fazendo um pouco, que pode ser muito.
Pelo menos é para mim e para eles, os pequenos.
É incrível como Deus coloca os desafios nas nossas mãos.
Você percebe?
Eu precisava encontrar outro tipo de felicidade.
Ele sabe que eu quero muito.
Ele sabe que eu vou fundo.
Ele sabe.
É só o começo...

Um comentário:

giovana lopes disse...

oi amiga, vi seu link no messenger e resolvi dar uma passadinha por aqui. é admiravel tua atitude, sempre te admirei e te admiro cada vez mais. Sabe que ate da inveja, eu muitas vezes quis ser como vc, sempre tao segura do que quer, tao confiante, parece que tudo o que vc faz esta certo, e eu só fiz um monte de besteira na minha vida e cada dia que passa eu sei que nao poderei concertar nada disso. Um dia, quando eu precisei, vc me ajudou e vc viu como era cheia de problemas, e ainda é assim a minha vida, ainda mais eu acho. e isso que tem tantas coisas que eu nunca te contei. Eu tentei me matar, mas fui covarde como sempre e nao consegui. Eu me afundei pensando que tudo podia ser diferente, mas nunca melhorou nada. Ja nao consigo escrever, me fez chorar agora. bjos. giovana