quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A guardiã da minha irmã


¨Na minha lembrança mais antiga, eu tenho três anos e estou tentando matar a minha irmã. Às vezes a cena é tão clara que me lembro da sensação da fronha contra a pele, da ponta do nariz dela pressionando a palma da minha mão. Ela não tinha a menor chance, é claro, mas mesmo assim não funcionou. Meu pai passou por ali enquanto arrumava as últimas coisas antes de dormir e a salvou. Ele me levou de volta pra cama.
     _ Vamos fingir que isso nunca aconteceu - disse.
     Quando fomos ficando mais velhas, eu parecia não existir, a não ser em relação a ela. Eu a observava dormindo do outro lado do quarto, com uma longa sombra entre nossas camas, e enumerava as maneiras. Veneno no cereal dela. Uma correnteza perversa na praia. Um raio.
     No fim das contas, acabei não matando minha irmã. Ela mesma se encarregou disso.
     Ou pelo menos é disso que eu tento me convencer.¨p.9

Gosto de compartilhar, principalmente as coisas boas, e este é mais um livro que eu li e gostei, por isso recomendo.
A  maioria das pessoas já devem ter assistido ao filme, que foi adaptado para o cinema como  Uma prova de amor. Mas isso não estraga a leitura, pois as histórias diferem e o final  é totalmente inesperado. Surpreendente.
Achei a narrativa interessante, alternada entre todos os personagens da trama, de modo que cada um tem a chance de expressar, verdadeiramente, como se sentem em relação aos outros e a si próprio.
Aí vai um tira gosto, só para abrir o apetite.

O livro conta o drama de uma família diante uma doença, que naturalmente e inevitavelmente, acaba transformando a vida de todos.
Kate, aos dois anos de idade, foi diagnosticada com um tipo raro e agressivo de leucemia,  Jesse, seu irmão mais velho, não é um doador compatível. Diante dessa impossibilidade  o médico sugere a Sara e Brian, pais de Kate e Jesse, a chance de ter um outro filho geneticamente compatível para salvar Kate. 
 
“E, se seus pais só tiveram você por um motivo, é melhor esse motivo existir. Porque, quando ele desaparecer, você vai desaparecer também.”p.14

E nessa premissa Anna foi concebida, doando ao nascer o sangue de seu cordão umbilical  para que suas células troncos pudessem salvar a irmã. Porém, depois de um tempo a doença volta, tornando Anna uma doadora permanente, vivendo  à sombra da doença de Kate e fazendo-a parecer doente, embora fosse uma menina saudável e cheia de planos.
Quando é obrigada a doar um rim a Kate, Anna procura um advogado, Campbell, para entrar com uma ação de emancipação legal por motivos médicos,  contra seus pais.

      ¨Está vendo? Por mais que você queira se agarrar à memória dolorida e amarga de que alguém deixou esse mundo, você ainda está nele. E o próprio ato de viver é uma maré: primeiro não parece  fazer diferença nenhuma, e então, um dia, você olha para baixo e vê quanto a dor foi corroída.¨p.432

O desenrolar da história deixo com vocês. Boa leitura.
Lane, obrigada amiga, nem preciso dizer que gostei do presente, beijos.


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